29.12.11

The world is a filthy place, it’s a filthy goddamned horror show.


Psicologia: ciência que estuda os processos comportamentais e mentais.
Terapia: tratamento de uma determinada doença.

Jenny olhava para os papeis espalhados em cima da secretária. Todos diferiam em relação a questões tão simples, mas que naquela altura pareciam tão complexas. Alguém bateu à porta.
"Podes entrar" - murmurou Jenny para o vazio. Um rapaz, loiro e com mais sofrimento nos olhos do que deveria ser permitido alguém aguentar entrou pela porta do seu consultório. 'Mais um' pensou Jenny.
"Boa tarde" - Jenny sorriu-lhe, olhando para a ficha do paciente. John. Bonito nome. O que encontraria ela desta vez, depois de entrar na cabeça dele, depois de perscrutar cada cantinho da sua mente? Olhou John enquanto este se sentava. Parecia tão novo. Dezasseis anos, talvez. Olhou para a ficha, Sim, dezasseis. Jenny tinha estado a analisar este rapaz durante duas longas e intermináveis noites. Os pais tinham-no forçado a via às consultas. Era maluco, diziam. Pobre rapaz.
"Então, John, à quanto tempo andas a ter estes... sonhos?" - Jenny sabia não se tratarem de sonhos. Eram recordações. Do passado. 'Ele não reage bem a certas coisas' tinha-lhe dito a mãe de John. Isso era o que ela ia descobrir.
"À cinco meses."
"Conta-me sobre eles."
"Começam sempre de forma igual. Estou a caminhar por uma rua infinita. As pessoas passam por mim sem me olhar, sem se importarem com nada nem ninguém para além do seu próprio nariz. E quando dou por mim começo a matar todos os que passam por mim. É aqui que o sonho muda. Por vezes sinto-me mal quando o faço. Mas na maior parte das vezes isso agrada-me. Sorriu enquanto enfio a faca por cada pescoço, e quando disparo cada tiro da arma. Eu acho que estou a libertá-los de todo a dor deste mundo. Não acha? Ou acha que sou maluco, como todos o dizem? Ou um psicopata, como diz o meu pai?"

Terapia. Psicologia. No fim de contas, tudo ia dar ao mesmo. As pessoas só recorriam a estes métodos, a estes tratamentos, a estas ciências, quando pensavam serem malucos, ou quando se queriam sentir especiais. Porque é muito mais simples gastar o ordenado em consultas com um desconhecido do que enfrentar as consequências dos nossos actos. Do que enfrentar a realidade. Mas um dia isso teria de acontecer. Um dia isso tem de acontecer. E Jenny mal podia esperar por esse dia.

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